terça-feira, 8 de maio de 2012

Intervir ou não intervir, eis o problema!


Em razão dos últimos acontecimentos envolvendo a BCF, principalmente no diz respeito à sucessão da identidade e, principalmente, ao caso Oscar, fui buscar alguns dados na web, em rápida pesquisa, para verificar se em nossa história recente alguma federção sofreu intervenção pelo governo do país.
Sabia de uma intervenção que nada interviu – Chile – e outra, mais recente, no Egito, esta uma verdadeira intervenção, após um massacre de aproximadamente 70 pessoas em um jogo de futebol. No Egito a justificativa do governo foi de que a Federação do país não conseguia organizar os campeonatos e dar segurança aos torcedores, pelo contrário, ela seria um tipo de local de desmandos e lavagem de grana (nem um pouco parecido com a federação brasileira...). 
Em recentes entrevistas, o supremo LAOS (programa X heinho Batista), Joseph Blatter, diz que conversaria com o governo Egipcio pois, em sua ótica, o Estado não poderia intervir de forma alguma no futebol, o qual seria algo “intocável”, aliás, acima do bem e do mal... Já nossa querida CBF, apesar dos desmandos, acusações existentes contra seus dirigentes, sequer uma “sacudida” leva. 
Após a renúncia do eterno presidente Ricardo Teixeira, em uma manobra extremamente inteligente para evitar a continuidade das denúncias e descoberta de mais podres com relação a CBF e seu bolso, o seu vice mais antigo, aquele da medalha furtada apenas para “lembrança”, assumiu a presidência com ótimas referências (repetindo, medalha furtada, denúncias de corrupção quando vereador e dirigente...), esquentando a cadeira para o verdadeiro mandatário, o atual presidente da FPF, Marco Polo Del Nero.
Encerrasse nisto, a sacanagem seria pequena, perto do que está por vir. Notem: No caso Oscar a CBF rasgou a Constituição Brasileira, a CLT, desconheceu a validade do Poder Judiciário e simplesmente fez tudo para não remover o registro do Jogador Oscar em nome do São Paulo. Nem mesmo estou comentando o caso por ser colorado, pelo contrário, vez que me assusta imaginar que estes indivíduos seguirão tocando a maior entidade de Futebol do mundo, favorecendo alguns clubes em detrimento de outros. 
Os abusos cometidos pela Confederação Brasileira de Futebol, desconhecendo a legislação brasileira só demonstram que passou da hora de uma intervenção estatal no “quinto poder”, pois, seguindo assim, rapidamente o eixo ficará tão forte que caberá aos demais clubes apenas constar no cenário nacional, tal qual uma Espanha, até mesmo uma Itália, com meia dúzia de clubes disputando o título e o resto sendo coadjuvantes de luxo.
Retornando, outra federação que andou sofrendo ameaças de intervenção foi à inglesa, segundo comentários do ministro dos esportes inglês, que deixou clara a contrariedade do governo quanto à organização e administração da liga pela entidade. Seria, então, apenas a CBF intocável? O Deputado Romário, que criticava duramente o antigo presidente Ricardo Teixeira, hoje, curiosamente, apoia o novo, Sr. Marin, que já mostrou ser igual ou pior se comparado com o Teixeirão.
Lamentável, mais uma vez, à postura da CBF, inserindo em sua presidência, repito, uma “marionete” do atual presidente da Federação Paulista, que já declarou a vários outros dirigentes sua assunção a CBF (não diz como, mas, conseguirá).
Falamos muito de profissionalização, melhorias, práticas administrativas mais limpas e pensadas, no entanto, esta não parece ser uma prática possível de adoção pela CBF, faltando-lhe vontade, fora o medo de abertura da caixa preta...Imaginem o tamanho dos escândalos que poderiam vir a tona com uma auditoria.
Acredito que, para normalizar esta situação e buscar uma limpa na Confederação Brasileira de Futebol, apenas com a intervenção do governo e a nomeação de um administrador ou pessoa ligada ao Futebol para assumir a presidência e levantar todos os dados possíveis, para fins de auxiliar na tomada de decisões visando um planejamento da entidade. 
Pensando assim, lembro do Fabio Koff e de seu trabalho no clube dos 13, tendo sido apunhalado pelo seu grêmio apenas em razão de um contrato de TV nada vantajoso, considerando a divisão de cotas em comparação com outros clubes da Federação. 
Possivelmente, pelo trabalho que estava desenvolvendo, seria natural a eleição de Fabio Koff a CBF, até mesmo para tentar moralizar a entidade, ledo engano, enfraquecido, o clube dos 13 e o nome de seu dirigente foram simplesmente afastados do “mundo” da entidade desportiva administradora de nosso futebol.
A situação da seleção brasileira, que virou um antro de favores, negociatas e empresários, somente comprova os problemas pelos quais a maior entidade de futebol, ou uma das maiores, do planeta passa e continuará vivenciando.
Há possibilidade de intervenção? Sim, acredito que sim. Ela será feita? Atualmente, impossível, ninguém tem coragem para fazê-lo, enquanto isto, vamos assistindo a uma série de desmandos, descumprimento das leis infraconstitucionais e da nossa Constituição. Deste jeito, difícil confessar, mas, Ricardo Teixeira fará falta a CBF...
Quanto à intervenção, mecanismos existem, apesar de a Constituição Federal prever a autonomia das entidades desportivas (art. 217), a regulamentação destas é sua obrigação, e, assim, se esta entidade organizadora estiver sob suspeita de fraudes e corrupção, principalmente em se considerando o interesse público face a disseminação do futebol entre a população, restaria permitida a intervenção, para, organizando, permitir novamente seu funcionamento sem ingerência do Estado. 
Existisse seriedade e, talvez, apenas talvez, outro órgão público poderia dar inicio a investigações, todavia, onde está a coragem para tanto? Gostaria de ainda assistir um levante dos próprios clubes contra a administração esdrúxula da CBF, mas, sei, isto é utopia, enquanto isto vamos vivendo de favores, títulos roubados, ameaças, violação das leis de nosso país e por ai vai...
O pior de tudo, o futebol é tão apaixonante que até por isto passamos para seguir amando este esporte.




 Texto do conselheiro Colorado Leonardo Luis Cardoso


 

Nenhum comentário: